segunda-feira, setembro 25, 2006

O seu a seu dono

Porra, logo em cima da merda do retalho que o Rui me ofereceu!, trauteaste tu ao reparar que a bohemia tinha caido em cima do (ora bem...) primeiro...segundo...terceiro...quadrado a contar do lado da casa de banho, daquele entralaçado chinês. Por mais que o pisem, que o aspirem, que os gatos nele rebolem, que a criança lá salive e que o ar que, quando estendido na varanda, faça desaparecer os restos das memórias que sobre ele pairam, este tapete tem uma estória especial: foi comprado em retalhos. Imaginem um retalho dum tapete, talvez uns 30 por 30 centímetros. Agora imaginem 113 retalhos todos juntos, em que cada um deles tem 6 retalhos adjacentes, tecidos com a mesma cor, motivo único, numa matriz constante de fios regrados...
...tento distinguir o meu, porque quero que saibas que aquele quadrado, igual ao que te foi dado pela namorada do teu primo, que conheceste num café em Almada em Abril, é só aparentemente igual ao meu. Uma diferença te exijo: que o terceiro quadrado "a contar do lado da casa de banho" seja o mais conspurcado, com mais pêlo de gato, mais salivado e com mais cheiro a cerveja. E que seja também esse o quadrado que quando pendurado no mármore da janela, fique do lado de dentro, para que o vento que sopra desde o cruzamento da Calçada do Tojal com a Ortigão Ramos não apague as estórias de quase 20 anos que quilómetros de fio chegam apenas para enunciar.

De pé, contra as listas de casamento, um abraço solene do padrinho

rpb