domingo, maio 15, 2005

nunca mais é sábado...

Hoje é sábado. Sábado à tarde. Cheira-me a farturas, bifanas e corato. Estou de poucas palavras. Desço a Av. Lusíada em excesso de velocidade, em perseguição do legislador. Carros estacionados em plena via, segundas filas que entretanto passarão a três ou quatro, arrumadores que cumprem hoje os objectivos do mês e um batalhão de polícias que descaradamente procuram a infracção que não querem ver. Falta meia hora, porque hoje é dia de jogo grande. Meia hora que me resta para encontrar o legislador e acertar contas. Atarantado olho para as dezenas de viaturas desordenadas: Mercedes, uns tantos BMW, Jaguares, até um "Cavallino Rosso"... ele anda por aí.

Hoje é sábado. Sábado bem cedo. Cheira a Lisboa. Estou de poucas palavras. Desço a Av.Lusíada em velocidade controlada, a pastelar, porque no escritório há muito trabalho à espera. Não está fácil para encontrar lugar. Muitos carros estacionados na via, como é costume. Falta meia hora para o meio dia e lá encontro um espacinho para "parquear a viatura". Vai ter de ser ligeiramente em cima da passadeira, mas hoje é sábado e não deve haver problema. O dia que me espera não me dá sequer tempo para tentar encontrar um lugar melhor. Depois disso, são 5 horas que custam a passar, mas não há carreira sem sacrifício. A melhor parte do dia está para chegar, com o encontro em casa de amigos, desses que têm a habilidade de fazer com que este dia ainda venha a parecer fim-de-semana... cadê o carro, interrogo-me? Onde de manhã deixei o meu, jaz agora outro, a apanhar o sol de final de tarde, na mais perfeita acalmia...

Hoje é sábado. Sábado de merda. Cheira a injustiça. Estou de poucas palavras. Desço até ao Restelo para ir buscar o carro que afinal foi rebocado. O artigo 49º, nº1 d), insistentemente pronunciado pelo agente Mota, não dá azo a discussão. Paga e cala, diria ele se tivesse mais confiança. 90€ e inibição do direito a conduzir durante um mês, diz o Sr. Agente naquele vernáculo que nem ele próprio entende, enquanto vai redigindo a notificação. Depois de "levado ao altar" regresso ao carro, em direcção à Av. Lusíada, como de costume. Desço-a em excesso de velocidade, em perseguição do legislador. Carros estacionados em plena via, segundas filas que entretanto passarão a três ou quatro, arrumadores que cumprem hoje os objectivos do mês e um batalhão de polícias que descaradamente procuram a infracção que não querem ver. Falta meia hora, porque hoje é dia de jogo grande. Olho, vejo, procuro, observo... mas não encontro...

Hoje é sábado. Amanhã é outro dia. Estou sem palavras. Neste paraíso de viaturas mal estacionadas, sem uma multa sequer, e de polícias fardados a rigor, está por certo o V6 do legislador. A última passadeira a descoberto é agora tapada por mais um automóvel que já chega tarde. O último polícia à vista vai fugindo para o pé da roulotte mais próxima, de onde ecoa o relato. Não cheira a podre, porque cheira a festa, farturas, bifanas e corato...

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Desta vez não resisto a um comentário...
Está mais que "Bom"... está Excelente!
Continua e ainda espero ter vários livros autografados por ti (além daquele artigo de jornal que te fiz autografar um dia..)

A importância das coisas está na importância que se lhes dá...
...E pelos vistos as regras só são importantes quando não há algo "ainda mais importante" a que dar importância...
...tudo é relativo...:)

6:56 da tarde  

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